Ânima está analisando a cogitando a possibilidade de vender a São Judas

Terça, 3 de setembro de 2024

Ânima está analisando a cogitando a possibilidade de vender a São Judas
A Ânima está avaliando a possibilidade de vender a Universidade São Judas, uma das instituições de ensino mais antigas da região metropolitana de São Paulo e uma das primeiras a ser incorporada ao seu portfólio. A XP está conduzindo consultas no mercado em busca de potenciais compradores para esse ativo, que já foi apresentado a alguns fundos e investidores estratégicos do setor. Vale ressaltar que o processo está em estágio inicial, e até o momento, não há propostas concretas sobre a mesa.


Essa decisão de venda ocorre no contexto de uma tentativa da Ânima de reduzir sua alavancagem, que estava em 3,9 vezes o Ebitda no final do segundo trimestre. A Ânima enfrenta um cenário financeiro desafiador, com um endividamento de R$ 3 bilhões, resultante da aquisição dos ativos da Laureate no Brasil em 2021 por R$ 4,4 bilhões, realizada durante um período de aumento nas taxas de juros.

A São Judas, adquirida pela Ânima em 2014, possui dez campus, sendo dois existentes na época da aquisição (Mooca e Butantã) e oito inaugurados entre 2018 e 2019. A Ânima tem buscado gerar liquidez em seu balanço por meio de vendas de carteiras de financiamento estudantil e operações de sale and leaseback, nas quais os imóveis das universidades são vendidos com contratos de aluguel associados. Embora a empresa tenha explorado várias opções estratégicas ao longo do ano, desde a busca de investidores até o desinvestimento de ativos específicos, esta é a primeira vez que um banco é formalmente contratado para conduzir uma venda.

A São Judas é considerada um ativo maduro e mais líquido no setor, especialmente em cursos tradicionais, como o de direito. Embora a Ânima não divulgue números específicos, estima-se que a São Judas tenha um Ebitda anual na faixa de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões. Em um momento em que o setor de educação enfrenta múltiplos historicamente baixos, encontrar um comprador disposto a atender às expectativas da Ânima pode ser desafiador, especialmente no segmento de ensino presencial, que enfrentou desafios significativos no pós-pandemia.

A Ânima, conhecida por ser firme nas negociações, iniciou o processo após uma manifestação de interesse espontânea de um comprador, cujas condições não foram satisfatórias para a empresa. A XP agora está sondando outros possíveis interessados. A Ânima enfatizou que, ao buscar alternativas de liquidez, está comprometida em preservar valor para os acionistas. Esse desenvolvimento ocorre três meses após a nomeação de Átila Simões da Cunha como CFO, que retornou à empresa em julho, sucedendo André Tavares, que esteve à frente da companhia por cinco anos.

As ações da Ânima acumulam uma queda de 29% neste ano, sendo negociadas a R$ 2,70, próximas da mínima histórica. Em resposta a questionamentos, a Ânima declarou em nota que “não comenta especulações de mercado”.