Terça, 3 de setembro de 2024
A São Judas, adquirida pela Ânima em 2014, possui dez campus, sendo dois existentes na época da aquisição (Mooca e Butantã) e oito inaugurados entre 2018 e 2019. A Ânima tem buscado gerar liquidez em seu balanço por meio de vendas de carteiras de financiamento estudantil e operações de sale and leaseback, nas quais os imóveis das universidades são vendidos com contratos de aluguel associados. Embora a empresa tenha explorado várias opções estratégicas ao longo do ano, desde a busca de investidores até o desinvestimento de ativos específicos, esta é a primeira vez que um banco é formalmente contratado para conduzir uma venda.
A São Judas é considerada um ativo maduro e mais líquido no setor, especialmente em cursos tradicionais, como o de direito. Embora a Ânima não divulgue números específicos, estima-se que a São Judas tenha um Ebitda anual na faixa de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões. Em um momento em que o setor de educação enfrenta múltiplos historicamente baixos, encontrar um comprador disposto a atender às expectativas da Ânima pode ser desafiador, especialmente no segmento de ensino presencial, que enfrentou desafios significativos no pós-pandemia.
A Ânima, conhecida por ser firme nas negociações, iniciou o processo após uma manifestação de interesse espontânea de um comprador, cujas condições não foram satisfatórias para a empresa. A XP agora está sondando outros possíveis interessados. A Ânima enfatizou que, ao buscar alternativas de liquidez, está comprometida em preservar valor para os acionistas. Esse desenvolvimento ocorre três meses após a nomeação de Átila Simões da Cunha como CFO, que retornou à empresa em julho, sucedendo André Tavares, que esteve à frente da companhia por cinco anos.
As ações da Ânima acumulam uma queda de 29% neste ano, sendo negociadas a R$ 2,70, próximas da mínima histórica. Em resposta a questionamentos, a Ânima declarou em nota que “não comenta especulações de mercado”.
Essa decisão de venda ocorre no contexto de uma tentativa da Ânima de reduzir sua alavancagem, que estava em 3,9 vezes o Ebitda no final do segundo trimestre. A Ânima enfrenta um cenário financeiro desafiador, com um endividamento de R$ 3 bilhões, resultante da aquisição dos ativos da Laureate no Brasil em 2021 por R$ 4,4 bilhões, realizada durante um período de aumento nas taxas de juros.